sexta-feira, 7 de março de 2014

Música do dia...

Intacto

Jair Oliveira

Não faço pra te aborrecer
Nem eu me entendo direito
Meu jeito não dá pra prever
Às vezes dá defeito
Não tô triste nem tô "deprê"
Apenas estou sossegado
Não há o que esclarecer
Não há nada errado
Às vezes o silêncio tapa os buracos
E o amor prossegue intacto
Já sei o que vai me dizer
"Você é muito enigmático"
Tem toda razão, pode crer
Não sou nada prático
Mas deite aqui perto de mim
Vamos acalmar num abraço
Gostar geralmente é assim
Nunca é sempre fácil
Às vezes o silêncio tapa os buracos
E o amor prossegue intacto
https://www.youtube.com/watch?v=ejDSiOmoP2Y

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

"Quero dançar com outro par pra variar, amor."


Passei mais de um ano na mesma canção. Repetidas vezes os mesmos acordes... a mesma melodia... o mesmo compasso... a mesma dança... o mesmo par... chegou um dia em que a música que alegrava, arrepiava, dava um puta tesão ouví-la passou a arrastar correntes, incomodar, as notas eram fora do tom... o violino arranhava, o arcordeon parecia comprimir os pulmões de tanta angústia... as pernas num desencontro fora do compasso... não se entrelaçavam com a elegância e sintonia necessárias, brigavam por espaço... olhos não se fitavam por medo de encarar a realidade... rostos sempre pra lados opostos sem vontade de seguirem na mesma direção... Gardel já enchia o coração de mágoa e os olhos de lágrimas... mesmo existindo a vontade de continuar a dança, o medo era maior... medo de errar o passo novamente, de voltar aos desencontros de tempos, da reação do outro.
Deixei de ouvir a música, passei a ignorar as canções velhas ou novas... nada interessava... nada.
O silêncio de nada adiantou. Notas surdas são as que mais incomodam...
Encontrei músicas novas, relembrei algumas antigas... procurei instrumentos novos... ritmos novos, alguns mais lentos outros ousados até demais para minha coluna...  vozes diferentes... dancei sozinha, acompanhada.. cantei no chuveiro, no carro, no trabalho, na mesa do bar... sorri, chorei... mas não ousei visitar aquela canção... não mesmo.
Se voltarei a dançar tango? Sim, em Dezembro, em Buenos Aires... pra ser feliz e não remoer tristeza.

terça-feira, 3 de julho de 2012

"Foi um encontro ao acaso e descobriram que os olhos ainda mudavam de cor, as mãos suavam, o mesmo sentimento estava ali, revirado, mas era ele. E também presente a eterna incapacidade, esta sem nenhum arranhão, nenhuma estava disposta a se arriscar além da própria bolha, fitaram-se, foram embora sem dizer uma palavra, apenas viraram suas esquinas."

sexta-feira, 29 de junho de 2012



Passei meus 29 anos não fazendo questão e fugindo de fazer planos com outra pessoa. E sempre achei muito estranho ver os amigos falando projetos a longo prazo com alguém. Quando era questionada pela ausência de alguém ao meu lado dizia que não fazia falta. E não fazia mesmo. Nunca precisei fingir sentir vazio por não ter "alguém pra eu fingir que eu não amo".
Sempre detestei casamentos - e sou filha de um um casal com um relacionamento sadio de quase 40 anos, então não posso dizer que é por frustração dos meus pais-, dizia que era dinheiro demais por 2 horas de cerimônia e 5 de festa, pra algo que ninguém sabia o tempo que iria durar. Os mais próximos falavam que era coisa de capricorniana pão dura e pessimista. Eu simplesmente ria e dizia que preferia comprar um videogame. Namorei pessoas bem legais, que os amigos sempre diziam “desta vez vê se sossega, Aline.”, mas nunca estavam na minha vida quando pensava no futuro  e quando aparecia a pergunta “como você se você daqui a 15 anos?” a minha resposta era a mesma: “Trabalhando no que gosto,tendo a MINHA casa, com MEU/MINHA cachorro(a) e a MINHA pick-up na garagem.” (Nossa, mas que materialistaaaaaaaaaa e egoístaaaaaaaaaaaa) e lógico quem estava comigo tinha a certeza de que o “nós” não fazia parte dos meus planos, porém nunca enganei ninguém, sempre fui muito clara com isso. Não havia espaço, na minha cabeça, pra outra pessoa, seria complicado demais lidar com isso. E no seu curso natural os namoros acabavam por desgaste, descaso ou pq eu já havia chutado a porta e mandado tudo pra puta que pariu depois de uma DR monólogo da outra pessoa e eu terminava com um "era só isso o que vc tem pra falar? Acabou?" ou então quando achava as cobranças tão absurdas soltava um VTNC (ogra), lógico que quem tinha o mínimo de amor próprio não ficaria comigo.  Bem, houve quem quisesse ficar mesmo assim, mas a minha pouca decência não permitia e eu simplesmente partia.
Numa manhã de junho, em Botafogo, ao meio dia conheci aquela  que desde o primeiro dia que vi me fez sentir vontade de gritar sem me preocupar com o mundo “PAREM AS MÁQUINAS! É ELA!” Em tantos outros encontros eu não me cansava (como era de costume) da companhia, da conversa, não sentia as horas passarem e num piscar de olhos meio dia virava meia noite e eu sem vontade alguma de voltar. Eu simplesmente queria ficar ali perdida nos olhos que mudavam de cor quando estávamos juntas e a cada encontro ficavam mais verdes. Assunto que não acabava mais, tantas coisas em comum: música, comida, filmes, séries, lugares, time de futebol, mesmo que ela não soubesse quando era impedimento e o porquê de escanteio ser cobrado com os pés e lateral com as mãos, e eu com uma paciência que eu nem sabia que tinha explicava e dava gargalhadas. Ah sim, a risada, A MELHOR EM 29 ANOS, e era só fechar os olhos pra ouvi-la no meio do dia. Passei horas ouvindo sobre história, caminhei de Ipanema ao Leme sem reclamar, passei a andar com garrafas de água com gás no carro, ouvi 8768575 vezes “O Copacabana Palace é o hotel mais bonito do mundo pra mim” com a mesma felicidade e interesse da primeira vez, em algumas fiz piada, mas sempre havia paixão em ouvir cada palavra. Passei a dar valor aos pequenos gestos. De uma forma mágica, podia ser eu , no que dizia e fazia, ela entendia e eu não me esforçava pra ser outra pessoa. Eu me tornei leve.Choramos juntas, ficamos em silêncio e tudo era compreendido. Torcíamos pelo sucesso da outra e comemorávamos como se fosse um só. Ajudamo-nos quando tudo parecia pesar demais. A cumplicidade era tamanha que pelo bom dia escrito em um torpedo sabíamos o humor da outra. Carinho, respeito, amizade, lealdade, amor e confiança tínhamos de sobra. E ainda temos, mesmo que separadas, mesmo o fim tendo ocorrido no meio de mágoas, arranhões e desencontros. E se terminou assim, foi porque as duas permitiram, as duas são responsáveis. Demorei pra entender isso sozinha e quis encontrar julgar culpada. Perguntas não feitas, atitudes não tomadas, foram pros dois lados. Azar o meu entender isso só depois de ganhar uma gastrite. Plock!
Se eu a amo? Amo por cada minuto, silêncio, riso, dor, erros, acertos que tivemos. Talvez eu a ame indefinidamente e siga desejando dançar tango todas as noites antes de dormir. Talvez na realização dos nossos melhores projetos daqui a 15 anos ela esteja ao meu lado, não sei em que "posto", mas que sejamos leves e inteiras uma pra outra porque, especialmente pra ser amigo é necessário entrega.

sábado, 2 de junho de 2012


Há meses penso neste poema... e faz todo sentido postá-lo no blog hoje...

"Acreditei que se amasse de novo
esqueceria outros
pelo menos três ou quatro rostos que amei
Num delírio de arquivística
organizei a memória em alfabetos
como quem conta carneiros e amansa
no entanto flanco aberto não esqueço
e amo em ti os outros rostos."

(Ana Cristina César - em Contagem regressiva - Inéditos e Dispersos)

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Irene mesmo sendo o melhor que Teodora poderia sonhar, nunca seria real. Ela sabia que nunca passaria de uma tarde de segunda-feira de felicidade com hora marcada. Seria o melhor (sempre), mas sem poder criar expectativas. E talvez, Teodora quisesse o mediano, porém com certezas e com possibilidades. E foi isso o que ela escolheu por já não encontrar solução para o que via acontecer. Preferiu calar e continuar sozinha.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

E das cinzas, vai renascer o carnaval.

Sete horas da manhã, ligo a tv ainda sonolenta e de olhos ainda fechados ouço "barracões em chamas na cidade do samba". Não quis saber se era da Mangueira, escola do coração, só me batia a tristeza de pensar que meses de trabalho, amor e paixão por agremiações viravam cinzas e fumaça negra e colorida no Centro da Cidade. 
Grande Rio perdeu tudo. Portela e União da Ilha, até agora não sabem o quanto foi destruído. Fantasias as de vestir e a de sonhar... sonhar em passar pela avenida, brincar carnaval... por instantes... encontrar nas batidas do surdo o ritmo cadenciado do coração. De ouvir o povo cantar o samba... de arrepiar e chorar...  Sonhar em ser campeã... sofrer, vibrar, gritar a cada nota na apuração... 
Mas sonho, paixão e amor não vão embora na fumaça... no máximo ficam cobertos pela sombra negra e a fuligem... mas ainda estão ali!!!! 
Não sei como as escolas vão se pronunciar sobre isso, mas o justo seria não haver rebaixamento pro grupo de acesso, e as escolas que perderam tudo, desfilarem. Da forma que for, pelo público, pelos que trabalharam, pela comunidade que sempre apóia sua escola e carrega o estandarte com orgulho. A falta de fantasias e alegorias, talvez não agrade os mais "exigentes"(chatos mesmo) por parecer "pobre", mas aos que enxergam além, poderão ver que ali desfilando há o de mais rico e lindo que uma Escola pode mostrar o orgulho e amor de fazer parte dela de cara limpa e samba no pé...